Leitura da peça Tchau Querida! Balada Literaria

Direção: Wagner Moura

Nesse sábado 26 de novembro, às 15h, o Auditório Ibirapuera foi palco da leitura dramática da peça inédita Tchau, Querida!, da escritora, dramaturga e roteirista Ana Maria Gonçalves. A peça contou com a direção de Wagner Moura. O ator (quem recentemente representou Pablo Escobar na série “Narcos”) na sequência participou de um bate-papo com a autora, o diretor da Balada Literária, Marcelino Freire, e o elenco.
A montagem tem como pano de fundo questões históricas, políticas e sociais do Brasil. “Não é uma peça sobre política, mas sobre relações que, de uma forma ou de outra, são tocadas por decisões políticas que nem sempre os personagens afetados têm poder ou controle sobre”, explica Ana Maria Gonçalves. “Ela se passa dentro desse contexto brasileiro de mascarar ou esconder algumas coisas, como foi o caso da ditadura e da escravidão e suas consequências para a pós-abolição, e de ninguém assumir o que aconteceu ”. 

Segundo a autora, o texto nasceu enquanto ela pensava sobre o atual – e conturbado –momento político nacional e internacional. “Para mim, o “tchau, querida” foi muito significativo porque vem daquele telefonema que vazou, entre Dilma [Rousseff, ex-presidente] e Lula [ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva]”, explica Ana Maria. “Depois, ele foi utilizado no Congresso durante todo o processo de impeachment, sendo usado de uma maneira muito violenta contra a presidente e, consequentemente, contra todas as mulheres em situação de poder. 

Wagner Moura conversa com a Ana Maria Gonçalves e Marcelino Freire. 

Ana Maria Gonçalves diz que a peça – com elenco composto de cinco atrizes negras e quatro atores, que interpretam 17 personagens – é de mulheres. “Com todas as atrizes sendo negras, algo não muito comum na dramaturgia brasileira, nem nos palcos, nem no cinema, nem na televisão”, explica. “Os papéis masculinos estou deixando livre, mas faço questão que os femininos sejam de mulheres negras, cujas vozes têm sido menos, ou nada, ouvidas durante toda a nossa história. O elenco contou com a participação de atores como Fabio Assunção. Sobre a direção Wagner Moura deixou claro que era uma leitura e que foi um ensaio de 48 horas, pelo qual a mesma ia ter muitos erros. Mas o profissionalismo dos atores, dos músicos e da produção fez possível assistir a uma leitura dramática que tecnicamente ficou melhor que muitas peças atualmente em cartaz. 

Fabio Assunção num momento da leitura da peça.

Comentarios

Thais ha dicho que…
A leitura foi realmente surpreeendente, o profissionalismo de Wagner Moura fica cada vez mais evidente, dando créditos ao elenco e à escritora. Realmente evento que valeu muito a pena assistir. Agora é só aguardar a estréia da peça...